No ano que transformou o e-commerce brasileiro, pudemos ver uma grande mudança no comportamento dos consumidores. O mercado digital precisou se adaptar cada vez mais rapidamente às necessidades dos clientes. Para entender como a pandemia influenciou no modo de compra do brasileiro, conversamos com André Santos, autor do livro “Supervendedores” e embaixador SGPweb.
O início do ano
O e-commerce começou o ano de 2020 de forma bem animadora, pois o setor alcançou o número de 6% de participação em relação ao varejo. Entretanto, chegou março e com ele veio a tão temida pandemia. “No primeiro momento, todo mundo do mercado do e-commerce ficou meio desnorteado, pois todos os nossos objetivos (como expansão, empreendedorismo) foram colocados em risco”, comenta André.
Em meados de 25 de março, as fronteiras começaram a ser fechadas na América do Sul e outros países da Europa. Isso fez com que os profissionais do comércio eletrônico se vissem obrigados a tomar decisões de forma muito rápida. “No primeiro momento vimos a quebra de uma barreira que era a questão da segurança. As pessoas, por conta do vírus, tiveram que migrar para o online. Isso fez com que a barreira da desconfiança fosse quebrada e surgisse mais de 3 milhões de novos compradores” afirma André.
As mudanças nos hábitos de consumo online
Quando a pandemia deu início, muitos internautas entravam nas plataformas de compras online e procuravam itens como máscara, álcool gel, produtos anti-bacterianos e termômetros, criando uma excelente oportunidade de negócio para quem vendia produtos dessa categoria.
No segundo momento, entre abril e maio, foi decretado lockdown em diversas cidades do Brasil e muitas pessoas se viram obrigadas a ficar em suas casas. Quem levou isso a sério, não ficou apenas na aquisição de itens de saúde e higiene. Passou evitar ir ao supermercado e começou a fazer a compra de produtos de necessidade básica (como alimentos) e produtos para casa através da internet. Isso fez com que todo o e-commerce (marketplaces e lojas virtuais) começassem a comercializar produtos dessa categoria.
Depois de maio, com as aulas suspensas, os brasileiros começaram a dar mais atenção para os filhos que estavam em casa. “Isso fez com que o mercado eletrônico tivesse que se reinventar. Outras categorias surgiram nas buscas, como jogos infantis, produtos para crianças, além de produtos do segmento fitness, pois as academias estavam fechadas e as pessoas começaram a malhar em casa” comenta André.
Após meses com o comércio fechado, as cidades voltaram a abrir e até houve a flexibilização. Com isso, o e-commerce viu que o cenário não era o mesmo de 18%, mas também não era o de 6%, isso fez com que a atenção dos lojistas se voltasse à Black Friday
A maior Black Friday de todos os tempos
Por volta de Agosto, muitos comerciantes já olhavam ansiosos para essa data. O comportamento do consumidor voltou ao normal e a sua atenção foi direcionada para artigos de moda e acessórios para veículos, porém surgiu outro problema: a falta de produtos. As fábricas começaram a sofrer com a falta de insumos para a confecção e isso afetou o estoque de diversos lojistas. “A gente começa a sentir que era preciso agilizar a compra de produtos para chegar na Black Friday sem correr o risco de faltar estoque”, aponta André.
Praticamente dois fatores foram essenciais para o sucesso na maior data do e-commerce brasileiro: o primeiro era o empreendedorismo no meio online, com atenção maior ao estoque e as embalagens (pois houve a falta de matéria-prima para a confecção) e o segundo, o fator emocional, educando novos sellers a não criar uma guerra de preços e focar na experiência do cliente.
Para André, a restrospectiva desse ano começou com o consumidor com a necessidade de cuidar da sua saúde e isso foi evoluindo conforme a quarentena avançava. Com um número maior de pessoas adaptadas a compras online, tivemos a maior Black Friday de todos os tempos, porém o ano não terminou. Agora teremos o maior Natal do comércio eletrônico brasileiro.
Comments